As Perguntas do Medo

__3606669Quando eu era criança perguntava o porquê das coisas e achava que os adultos sabiam “as respostas” certas. À medida que fui crescendo, percebi que as respostas que eu recebia me explicavam como o sofrimento, a limitação, a impossibilidade, a doença e todas as dificuldades que existiam eram a “formula de criação divina” deste mundo.

241-e1534949144489.jpgQuem não sofria, quem não lutava, quem não adoecia, quem não pagasse caro qualquer benefício obtido, não estava dentro do que se considerava normal e abençoado por Deus. Nada disto me fazia sentido, mas, como poderia eu estar certa e os outros  todos errados?

As perguntas que fui fazendo conduziam-me a um buraco sem saída e algo em mim me dizia que não podia ser só assim…

Tornei-me inconformada, não querendo aceitar o que via à minha volta, como o que “tinha que ser”. Era a vontade de Deus! Fui-me apercebendo que as perguntas que as crianças começam por fazer quando pequeninas são a forma como elas aprendem o propósito e o significado para o que as rodeiam. Elas não sabem como avaliar seja o que for, a não ser pelos olhos dos pais (ou educadores).

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Elas aprendem que é feio perguntar, porque incomoda os adultos. Aprendem o que podem perguntar e como devem esperar receber respostas, de forma a não se tornarem diferentes do seu núcleo familiar, escolar, social, religioso, etc. Assim se vão perpetuando exércitos de seguidores infelizes, mas fiéis aos interesses coletivos.

Muitos anos depois, percebi que todas as perguntas que eu fazia que, realmente, podiam ser contributos para uma vida feliz e livre, não tinham respostas que me incentivavam a ver o mundo como um campo de possibilidades e escolhas criadoras.

As respostas eram fechadas de forma a desaguarem num poço sem saída,

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As melhores perguntas eram igualmente fechadas de modo a ativarem possibilidades únicas de respostas, tais como “sim”, ou “não” … “porque ….” quando tínhamos a sorte de receber uma justificação. Fui percebendo que a justificação era, igualmente, uma forma condicionada de desempoderamento total, por forma a prevenir que nunca sairíamos dos limites aceites.door-closed-w-little-boy

Ao longo do tempo, na minha busca por uma perspetivas que me fizesse mais sentido para a experiência humana, fui percebendo que uma das maneiras mais poderosas de criar realidades, consiste na estimulação do campo criador, através de perguntas abertas.

O que são perguntas abertas? São aquelas que não procuram uma resposta fechada, mas sim, suscitar a ampliação do campo de consciência, abrindo possibilidades criadoras que se oferecem a nós como seus criadores. Queremos perguntar que possibilidades existem, não qual a melhor possibilidade entre os caminhos conhecidos que já existem.

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As perguntas abertas, as verdadeiramente criadoras, não procuram escolher entre o que já existe, mas sim a criação de novas possibilidades, ainda não experienciadas, por quem explora a sua aventura criadora. São perguntas que só podem ser feitas quando estamos disponíveis para aceitar que a nossa realidade pessoal não depende da reafirmação das possibilidades aceites pelos outros, mas da nossa própria abertura para ir além, em desafio a todas as “probabilidades” contabilizadas pela matriz de aceitação do coletivo.

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Se queremos permanecer na realidade coletiva, somos livres para o fazer. Nada está certo ou errado. É simplesmente, uma experiência, Se queremos repetir a experiência coletiva, basta seguir os caminhos previstos. Se queremos criar uma realidade fora do que está aceite como provável ou possivel,  temos a total liberdade de explorar novas possibilidades que são tão reais e naturais, quanto as outras já existentes- Mas estas mudam a nossa vida e a mentalidade coletiva, para sempre.

Cada pergunta aberta, rasga o véu da limitação a que nos auto impomos e aceitamos, sem questionamento, o que o coletivo escolheu permitiu e receber, A realidade pessoal nada tem a ver com o que nos rodeia. Tem a ver com o que ESCOLHEMOS para nós, accionando o direito que nos assiste, como seres criadores, para CRIAR e tornar conhecido, o desconhecido.

images (4)A nova realidade não depende do que “parece” ser possível. Depende, única e exclusivamente da ESCOLHA que fazemos em ser diferentes, ousados, livres e audazes, sair fora da matriz habitual e exercermos a capacidade de CRIAR, a partir do nada e ainda não conhecido.

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Não podemos servir dois “deuses” ao mesmo tempo Repetir ou Criar. A ESCOLHA é nossa, sempre. Ninguém pode alterar uma ESCOLHA que fizemos, sem a nossa participação e permissão. Queremos ser iguais ou queremos ser, quem nascemos para SER!

Fazer perguntas abertas implica silenciar a mente e permitir entrar no espaço/silêncio da consciência, onde nos encontramos com quem realmente somos. Uns segundos de encontro com esse espaço, pode dar-nos uma riqueza de oportunidades e possibilidades jamais imaginadas.

PERMITIR ser diferente, se for o caso, é PERMITIR sermos quem somos e não mais um, na humanidade.

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A permissão abre o acesso ao RECEBER. Nada precisa de ser forçado. O que precisa ser aberto é o recebimento sem reservas, seja do que for. Quem tudo se permite receber, no seu espaço criador, sem ponto de vista ou julgamento, não tem como não receber a maior das oportunidades e experiências.

 

Perguntas Fechadas criam realidades fechadas e limitadas.

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Perguntas Abertas criam realidades expansivas –  realidades nunca vividas e em constante expansão